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|terça-feira, julho 13|

Desemprego, Depressão e Desatinos


Desemprego, Depressão e Desatinos

(dôra limeira)


Hoje acordou urinada novamente. Sentiu a calcinha e os lençóis úmidos e pensou: “- Puxa vida, estou doente”. Reuniu suas roupas íntimas, reuniu seu corpo mole, trancou-se no banheiro. Pendurou as roupas íntimas no cabide, pendurou seu corpo à beira do vaso sanitário.

Uma eternidade transcorreu. Tudo quieto dentro do banheiro. As roupas, o corpo, o sabonete, a pasta e a escova de dente. Somente a urina chilreava, caindo dentro do bojo sanitário. Olhou as mãos e as unhas. Que desmazelo.

Estancada a urina nervosa, levou o corpo cansado à pia e escovou os dentes. Dentes de leite, dentes de osso, dentes de plástico. O gosto da pasta lhe deu ânsia de vômitos. Engulhou, e uma saliva fina percorreu-lhe todo o âmbito da boca. Naquele momento, mais uma eternidade transcorreu.

Pensou no emprego perdido, pensou no marido coitado. Pensou em tudo. E abriu o chuveiro. A água fria bateu-lhe na cabeça e no dorso, sem piedade. Lavou-se da cabeça aos pés, cantarolando, com voz pastosa, qualquer música de Raul Seixas. Espumas de sabonete respingaram-lhe os olhos, mil cataratas de dor desabaram. Água. Água. Água sobre o rosto e dentro dos olhos, para aliviar as pancadas de dor. “- Vou ficaaaar. Ficar com certeza, maluco beleza, eu vou ficaaar”. Ela tentava continuar cantando, mas a pastosidade da voz se misturava com as espumas do xampu e dificultava sua dicção. Fungos incomodavam-lhe a vagina. O sabonete medicinal ardia-lhe as partes íntimas. Água. Água. Água sobre a vulva, água dentro da vagina para aliviar as coceiras dos fungos e as fisgadas do sabonete anticéptico. Cascatas entre suas pernas. Lembrou-se outra vez que estava sem emprego. Lembrou-se outra vez do marido, coitado, sub empregado e sem perspectivas. Deixou que uma última catarata de água lhe percorresse os olhos. Uma última cascata penetrou-lhe a vagina quente. Que alívio. Fechou o chuveiro, enxugou o corpo inteiro e se compôs com a calcinha e o sutiã.

Precisava sair de casa. No quarto, vestiu uma roupa, vestido já usado, com cheiro de suor vencido. Calçou a sandália franciscana, deslizou o pente nos cabelos. Revirou as quinquilharias do seu guarda-roupa em busca de pó compacto, batom e perfume. Borrifou as faces com o restinho de pó que havia no estojo, e pintou os lábios com batom de cor drape, cor rósea viva e insinuante. Colocou perfume nos recantos das orelhas, nos recantos laterais do nariz, nas sobrancelhas e nas axilas, por cima do vestido. A fragrância Toque de Amor da avon espalhou no ar um cheiro de mulher sequiosa, desesperada. Nesse momento, novamente lembrou-se do marido, coitado. Apanhou a bolsa no cabide, conferiu seu conteúdo. Documentos pessoais, identidade, cpf, cartão telefônico, alguns trocados.

Após cumprir os instantes conclusivos do ritual para sair de casa, ela deu uma olhada final em todo o ambiente. A cozinha fechada já guardava um cheiro de coisa azeda, emanado dos pratos sujos, com restos de comida sobre o balcão. A torneira da pia pingava uns pingos espaçados e ritmados, rimas que jogavam fora toneladas de água. Ela tentou apertar a torneira, mas não conseguiu, algo se desmantelara lá dentro do cano. Restos de frutas, pães dormidos, restos de bolo mofado e de farelo se quedavam sobre a mesa de jantar. Juntou o que pôde guardar, e acomodou tudo de qualquer jeito na geladeira. Pegou o restante inútil e jogou no balde do lixo que já estava transbordando. Uma casca de banana pendia das bordas encardidas do balde. Gastou mais um minuto de eternidade olhando para o lixeiro.

Na sala de visitas, passeou o olhar final em todo o ambiente, abriu a porta e saiu. Uma lufada de vento e óleo diesel bateu em seu rosto. Mais uma vez sentiu falta de ar, fazia tempo que não respirava oxigênio puro. O vento grosso de poluição desalinhou-lhe os cabelos curtos, e formou montinhos intrincados de cabelos, como se fossem ninhos de rato. Os olhos ainda estavam avermelhados da irritação provocada pelo sabonete. O entre perna coçava, a vagina ainda sentindo o formigar dos fungos. Pobre mulher. Caminhou pensando na situação. Tinha recebido aviso prévio. Logo estaria desempregada de fato. O marido prestava serviços numa pequena empresa, sem vínculos empregatícios ou afetivos. Sem vislumbres. Apiedava-se do marido. E esses fungos coçando-lhe lá dentro. Apressou os passos.

Apanhou o primeiro ônibus que passou. Coitada. Sem destino.


Dôra Limeira
(texto inspirado na demissão do pessoal do jornal O Norte)

Dôra Limeira é de João Pessoa- PB

09/07/04


dito por li stoducto




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