RIO DE JANEIRO - Antes tarde do que nunca. Voltou-se a falar sobre a desfusão do Estado do Rio com o antigo Estado da Guanabara, unidade da federação que foi Município Neutro e Distrito Federal durante séculos. Física, moral e economicamente, o Rio sempre foi uma típica cidade-Estado, o que não a impediu de ser capital da República e sede de um império que tinha colônias espalhadas por vários continentes.
Não se trata de bairrismo do cronista, que nasceu carioca e se considera fluminense apenas no futebol, tricolor de coração, do time tantas vezes campeão.
Quando Brasília foi inaugurada, o desejo de todos nós, brasileiros, é que fosse cumprido o dispositivo que criava um novo Estado, com o nome óbvio de Guanabara. Assim foi feito e tivemos dois excelentes governos aqui, o de Carlos Lacerda e o de Negrão de Lima. A cidade prosperou, nunca foi tão maravilhosa.
O diabo apareceu na tradicional forma do despeito político. O Brasil vivia sob regime militar e a Guanabara era a unidade da Federação que sempre votava contra os apetites da ditadura vigente. Numa das eleições dos anos 70, o Rio foi único Estado que teve direito a ter um governador do partido da oposição, o MDB. O resto todo era Arena.
Foi para acabar com essa exceção que o regime militar decidiu fundir os dois Estados, na suposição de que assim obteria a unanimidade política e administrativa do país sem aquela pedrinha incômoda na chuteira do regime totalitário.
Foram feitas previsões mirabolantes sobre o futuro econômico e social do novo Estado do Rio. Os prognósticos falharam, o Estado do Rio ficou mais pobre e a cidade do Rio decaiu. Armou-se, com a fusão, uma confusão que até hoje persiste, com problemas no Judiciário, nas polícias Civil e Militar, no sistema de educação e de saúde.
Com o petróleo da bacia de Campos, os fluminenses poderão criar um grande Estado. E os cariocas terão de volta a sua cidade.
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