Morreu Nilton Bravo, que era o Michelângelo dos bares e botequins cariocas. Suas pinturas fizeram parte da minha paisagem quando eu era a fada dos botequins... :(
Pororocas
(eliane stoducto)
Os prazeres do corpo adoçam, alegram, cicatrizam. Abaixo diques, represas! Sinto o temporal caindo no deserto. Secreto. Liberando sumos. Virando Amazonas. Abaixo a aridez! Meus fluidos correm livres outra vez! Quero foz, quero delta, quero muitas pororocas! Quero muito! Quero mais! Do bom e do pior! Quero aprender, crescer, evoluir como a Mocidade na Sapucaí! abraçando generosamente tudo que me cabe: o ruim e o melhor! Sem restrições. E poder finalmente concluir que tudo depende do ponto de vista, que são muitos, que são mis. Abaixo maniqueísmos! Abaixo racismos! Vivam os quereres! E os amores! E os desamores! Mentes míopes, empoeiradas, hipermétropes e cansadas pouco podem perceber! Visão estreita. Mente estreita. Estreito é o nosso olfato, o nosso tato. Faixas limitadas. Limitadíssimas. O corpo é o limite! Socorro! Quero jogar tanto xadrez quanto porrinha. Admirar Picasso e Nilton Bravo. Me deliciar com adoçante, sal marinho, fel e açúcar mascavo. Quero amar o ateu e a freirinha. O belo e o feinho. E amar. E ter prazer. E transcender. O limite...
dito por li stoducto
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